sábado, 10 de outubro de 2009

Pós, dia dos pais.

Era uma segunda feira, e eu estava lá novamente, do lado daquela cama de hospital, olhando para ele, com os olhos cheios de lágrimas, segurando a mão dele, e tentando fazer com que saísse algumas palavras de sua boca, tentando arrancar alguma reação dele. Nada, não aconteceu nada! Fiquei ali, por mais um tempo, só eu e ele. Em quanto eu o olhava, via tudo o que passamos juntos, via toda a minha vida ali, com ele presente. Via todos os castigos que recebi, todos os presentes, todo o carinho demonstrado através de gestos e palavras. Conversava com ele, o olhava. E ele, só respondia com olhares, pois já não tinha forças para falar. Foram seis meses assim, no silêncio, em conversas com os olhos e com as mãos – sempre eu pegava em sua mão, e ele com sua pouca força me respondia, tentando apertar minha mão. Cansado, deitei no sofá que tinha ali do lado da cama. Peguei no sono. Estava sonhando – mais uma vez – com o meu passado, com tudo o que vivi com ele, quando ouço alguns barulhos, não dava para entender direito o que era, os barulhos de lá de fora se confundiam com o sonho. Foi quando acordei, olhei para frente e vi o médico e duas ou três enfermeiras. Eu estava quase levantando, quando uma das enfermeiras veio falar comigo... “Ele faleceu!”. Meu coração parou por alguns segundos, e mais uma vez... Toda minha vida se passou pela minha cabeça em cerca de milésimos de segundos. Levantei rápido, fui vê-lo na cama – aliás, tentei – mas tinha uma roda de enfermeiros e médicos em volta dele, não consegui vê-lo, e ainda mandaram eu sair do quarto. E esse foi o meu ‘pós’ dia dos pais. Triste, mas ainda assim posso agradecer a Deus por ter tirado o meu pai de tal sofrimento, e por ter me dado a oportunidade de passar o – ultimo - dia dos pais com o meu querido e eterno pai.

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